sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sexta com Peixe

Ele os viu: estavam todos mortos . Desde que o mundo é mundo calhou a chegada de sexta feira . Acordado na alucinação pós etilica Milton  como todos os dias de sua futura profissão campeia o mesmo cerimonial matinal , a linha , a chegada ou seja o pódio dos vencedores , o ponto matinal . Tal oficio que comprova aos superiores da superintendência que o interno lá esteve beira o abismo da burocrática e ex urss. Por vezes o cabelo não se penteou e a ducha ainda não veio a calhar em busca da assinatura que o cruel relógio não permite que seja após as oito da matina . Antes de chegar a enfermaria i onde Milton actualmente trabalha, passa-se por um corredor esquálido , mal pintado e com todo tipo de pessoas que a natureza conseguiu produzir , gente pequena , gente gorda , alguns magros e sempre há os deficientes ,que no dicionário ou seja o pai dos burros chamalos-ia de falhos, deficitários,incompletos  aqueles que na maioria das vidas ocupam um quartinho nos fundos , que geralmente não sentam-se a mesa pois não aprenderam com trinta anos a arte de comer sem derrubar migalhas na toalha ou a tomar alguma espécie de sopa sem que se sujem , alguns os chamam de mongolóides s mas para muitos são apenas anjos que o deus do amor mandou como uma chaga para levarem na vida . Ou seja , Milton adentra na enfermaria , aquele local em que varias camas são dispostas que aqui se chama leito e que numerados os são  assim como num código de barras para definir o preço da carne ou de qualquer produto .Enquanto alguns choram a morte outros nascem , sempre fora assim  tal qual alfa e ômega . O paciente do leito curvado em seu cantinho imaginário, sim pois neste local privacidade é uma palavra que lá não foi colocada ,igual a um pastel de carne que quando se morde vem só vento quente , pois carne ali não ocorre . O paciente se questiona sobre o que será de si memso , e quando irá retornar a sua casa , ao seu quarto real . Ali todos usam as mesmas roupas , o azul imundo , desarrumado , descuidado, depaurado,e alguns até diriam feio .Quando das conversações sobre um caso , aquelas pequenas conferências sobre  as decisões sobre o futuro do enfermo , se opera ou não sempre é regra absoluta , protocolar assim como se usa o pronome de sua santidade ao teutônico que no Vaticano habita que faça-se facies de interesse e absoluto entendimento dos jargões e fisiologia do que ocorre naquele mundo interior dos corpos , o rim que não mais funciona , a bexiga que sempre quer expulsar de si o liquido com as excórias , a cabeça que dói , o olho que machucado esta desde quando uma farpa ali adentrou e uma infecção provocou , e o ânus que por falta de fibras sangrou .Essa parte do estudos anais e suas complições geram sempre vergonha , se estivessemos a falar de sentimentos de gente , não daqueles dos caninos ou dos equinos deixemos esse lado aos veterinários ,não hesitariamos em chamar de escrúpulo ou delicadeza de maneiras .afinal , não se quer mostrar as partes intimas em público e nem menos a porção inferior do reto . Milton olhou pela janela , aquela mesma que traz o vento adentro , que imunda a sala de ar puro , e limpa as fimbrias nasais longe daquele cheiro repugnante,nauseabundo que muitos pensariam em colocá-lo como fedorento e viu em cima do telhado três pombas negras , sim , as mais bestiais e burras do reino animal que classificariamos como da familia dos columbideos , aquelas que habitam desde a praça mais elegante da Europa em Veneza , que trazem em seus pequenos bicos um resto de pipoca que uma criança derrubou no chão e que o catolicismo declarou como o Espirito Santo . Elas cosmopolitas como são viram a construção do hospital, desde o sua pedra fundamental , lá estavam quando do desfile de sete de setembro comemorou-se em forma de desfile pelas ruas a independêcia destas terras quentes ,elas que moram igualmente em frente ao hotel Plaza na américa do norte num local chamado Central Parque , cá também habitam , pois onde há uma porção de qualquer coisa comestivel lá as encontraremos , por vezes paradas , outras felizes , e outras andando de um lado ao outro esvaziando suas diminutas tripas com a coloração verde de suas fezes que tanto é caracteristica. Igualmente lembrou-se que por detrás do pavilhão que um nome até então desconhecido era  e hoje o tem como  Silva Melo corre uns campos mal acanhados , uma ribeira de águas escuras e fétidas , com todo tipo de material : plásticos , pedaços de isopor, fraudas pesadas pela última defecação de alguém , cabelos de inúmeras variedades , e até mesmo uma cabeça decepada de uma boneca , que lembraria cenas da ficção francesa , a guilhotina , esse rio é fosco, sujo, não merece que o olhemos duas vezes .Lembrou-se q esse conjunto ao qual denomina-se hospital , esse estabelecimento próprio para internação de doentes ou feridos , esse mesmo que vários nomes algúem um dia na formação da lingua portuguesa inventou : gafaria, hospicio,leprozário, manicomio.Porém naquele dia sentiu o que há muito entendia : a morte está com a sua gadanha rondando este local , ela mesma, aquela que tem a forma de caveira , e anda por ai com uma roupa preta , dispachando cartas de óbito e já beirando o leito do recém nato que ainda por um nome espera . Sim , a morte caminha por lá também , não pensemos que ela é daquelas que só circulam nos perimetros do cemitérios , também sentam-se num cantinho , espera , observa , até que nas instância mais altas digam-na que o paciente tal deve receber seus últimos suspiros do coração cansado . Alguns a chamam de vampira , desleal , inimiga do gênero humana , drácula de saias -pois crê-se que ela é do sexo feminino- ai já não saberiamos pois ela não possui os orgãos genitais para que se faça a comprovação do seu gênero outros a chamariam de colega e fiel escudeira que sábia como é conhece que nesta grande vala que é o mundo , não importa o que se conduz , o quanto se desloca , pois todos nós sobre a sombra de sua foice sucumbiremos assim como as pancadas brutais de martelo de pilão sobre o milho .

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